sexta-feira, 7 de junho de 2013

Seminário pretende relembrar a atuação dos cristãos no período da ditadura

Evento consiste na primeira fase do projeto Memória e Compromisso, desenvolvido pela Comissão Brasileira de Justiça e Paz e Comissão de Anistia
Nos dias 26 e 27 de junho, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realiza o Seminário Internacional Memória e Compromisso. O evento, que acontecerá no Centro Cultural de Brasília (CCB), tem por objetivo relembrar a atuação dos cristãos no processo de anistia política e de redemocratização do Brasil durante o período de 1964 a 1988.
Para a CBJP, o resgate dessa memória é fundamental para fazer justiça aos que vivenciaram diversas violações de direitos e para alimentar as esperanças em tempo de opressão, bem como para lançar luzes aos desafios da atualidade. Por isso, o evento pretende provocar reflexões a cerca da conjuntura político-social brasileira com discussões que envolvem o modelo atual de Estado e de desenvolvimento adotado pelo país e suas consequências para a sociedade.
Nomes como padre Oscar Beozzo, Hamilton Pereira, padre Leonel Narvaez, Maria Clara Bingemer, Maria Vitória Benevides, Frei Carlos Mesters, pastor Walter Altmann e Dom Celso Queiroz, entre outros, ajudarão nessa reflexão.
Na pauta do encontro, análises da conjuntura nacional e internacional, bem como eclesial, no período ditatorial no Brasil. A reflexão será no sentido de entender quais eram os desafios teológicos e institucionais da Igreja nesse período. Os participantes ainda acompanharão falas sobre os cristãos em luta por transição em diversos países; resgate de experiências e memória da atuação dos cristãos e instituições cristãs; e justiça de transição e desafio cristão de reconciliação, entre outros temas.
Memória e Compromisso
O Seminário consiste na primeira fase do projeto Memória e Compromisso. Esse projeto é realizado em convênio com a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, e conta com apoio da Comissão Nacional da Verdade e da Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal.
Com o objetivo de fazer memória à atuação dos cristãos no processo de anistia política e de redemocratização do país, trazendo à discussão o engajamento dessas pessoas, suas místicas e militâncias, o projeto também conta com a participação de nomes como Pe. Zezinho e Frei Betto.
Participação
Podem participar estudantes, pessoas de qualquer denominação religiosa, agentes pastorais, membros de organismos, profissionais e militantes da área de direitos humanos, e demais interessados. Será emitido certificado de participação, com as horas correspondentes.

Serviço:
Seminário Internacional Memória e Compromisso
Quando: 26 e 27 de junho de 2013
Onde: Centro Cultural de Brasília (CCB) – L2 Norte
Informações: Imprensa – Cleymenne Cerqueira (61) 8480-2524 ou comunicacao.cbjp@gmail.com
                                 Projeto – Leonardo Graciliano (61) 3323-8713 ou cbjpagenda@gmail.com
Fonte: CBJP

terça-feira, 4 de junho de 2013

Violência e repressão afetam mais jovens negros no Brasil, aponta Anistia Internacional (Weverson Paulino)
Rio de Janeiro – Apesar da melhora na situação sócioeconômica do país, a incidência de crimes violentos continua alta no Brasil, segundo o Relatório O Estado dos Direitos Humanos no Mundo, lançado hoje (22) pela Anistia Internacional.
De acordo com o documento, os jovens negros são de forma desproporcional as principais vítimas, principalmente nas regiões Nordeste e Norte. Segundo o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila Roque, o país vive uma situação de quase extermínio de uma parcela da população.
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“Em 2010, quase 9 mil jovens entre 9 e 19 anos foram mortos, de acordo com o Mapa da Violência, foram vítimas de homicídio. Estamos vivendo uma tragédia de proporções inacreditáveis, isso equivale a 48 aviões da TAM caindo todo ano cheio de jovens: crianças e adolescentes. Outro recorte mostra que uma parcela enorme, cerca de 50%, é homens negros que estão morrendo. Claramente, há uma situação que combina diversos fatores, violência institucional, número de armas que circulam, racismo, acabam vitimando um certo perfil de pessoas ”.
Conforme os dados, em 2012, foram registradas denúncias de tortura e maus-tratos no sistema carcerário e os assassinatos cometidos por policiais continuam sendo registrados como auto de resistência ou resistência seguida de morte, sendo pouco investigados.
Roque lembrou que uma recomendação do Conselho Nacional de Defesa da Pessoa Humana, de novembro passado, pede o fim do auto de resistência, mas poucos estados implementaram.
“Nós continuamos a ter, ainda hoje, apesar de algumas mudanças e alguns avanços, um padrão de segurança pública, um padrão de ação dos agentes que deveriam trazer segurança para a população, marcado pela violência, por uma percepção de que se está em uma ação de guerra, em que se suspende o marco legal e você pode fazer o que quiser. Isso tem sido uma tônica no modo como a polícia atua não só no Rio e em São Paulo, mas em muitas outras situações no Brasil”.
O relatório ressalta que o governo lançou em setembro o Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, chamado de Juventude Viva, porém cortou pela metade os recursos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci).
O documento aponta que políticas, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de Janeiro, contribuíram para a diminuição no número de homicídios. Porém, a ação de milícias em muitas favelas continua, principalmente na zona oeste da cidade.
Em São Paulo, o número de homicídios aumentou 9,7% entre janeiro e setembro de 2012, de acordo com o relatório. Apenas em novembro passado, 90 pessoas foram mortas por policiais no estado. A explicação seria o aumento dos confrontos com organizações criminosas. Em maio, três policiais da tropa de choque Rota foram presos acusados de executar um suspeito.
Outro problema apontado pela Anistia Internacional é o número de presos, que continua aumentado. Atualmente, segundo a entidade, faltam 200 mil vagas no sistema carcerário brasileiro.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: CNBB
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